Pequeno Guia do Investidor Iniciante
Investir é aplicar capital em algo com expectativa de ganho futuro. No caso dos investimentos financeiros, é através desse ganho multiplicado continuamente que podemos cuidar do nosso futuro quando as fontes de renda diminuírem ou cessarem. Na teoria, é simples, não?
Mas, como fazer isso na prática? A resposta também é simples: comprando (investindo) produtos financeiros rentáveis. Opa, aqui talvez o simples não signifique “fácil”… é por isso que esse guia foi criado: para que você entenda na prática, como dar seus primeiros passos como investidor sem correr riscos desnecessários e sabendo como otimizar seus ganhos. Vamos começar?
Investimento financeiro e especulação
Confusão certa e constante, principalmente nas redes sociais. Investimentos financeiros e especulação são coisas diferentes: de um lado, falamos de produtos ou ativos tais como ações, previdência privada, CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) e fundos de investimento. De outro, tratamos da compra de compra um ativo financeiro, ou parte dele, por determinado preço e apostamos na sua valorização futura, para então, vendê-lo. Ou seja, especulação é uma estratégia similar a uma aposta e suas operações muito geralmente acontecem no curto prazo.
Porque contar com o salário não é o suficiente
Temos dois pontos relevantes nesse tópico: a limitação de ganhos com o nosso trabalho e o tempo disponível para desempenhar as atividades laborais.
Os salários, comissões, honorários e bonificações são finitos. Nosso tempo, também (aliás, de muito pouco adiantaria ter altos ganhos e não ter tempo para usufruir dos mesmos). Some-se a isso a fragilidade do nosso sistema previdenciário brasileiro e temos a dura verdade de que, para uma esmagadora maioria de nós, investir é a única maneira de se aposentar e manter um padrão de vida digno e próximo do atual.
Dinheiro trabalhando para você. Vamos entender os juros compostos?
Nem pense em fugir agora! Se as aulas de matemática deixaram lembranças tristes, te convido a parar e respirar um pouco, pois os juros compostos são o sonho de todo investidor, e você precisa saber do que se trata para seguir em frente.
Duas variáveis precisam ser conhecidas de perto pelos investidores: rentabilidade e tempo. Quanto maior a rentabilidade e o tempo com que um investimento é preservado, maiores as possibilidades de retorno financeiro. Isso acontece porque, nos juros compostos, os juros vão se incorporando continuamente ao capital principal, gerando a famosa bola de neve.
É um processo diferente dos juros simples, onde o cálculo dos juros é feito apenas sobre o valor principal. Uma simulação de R$10 mil reais pode ajudar a entender melhor na prática como isso funciona: vamos supor que os juros simples a serem recebidos desse investimento sejam de 1% ao mês. Isso significa que, a cada mês, o investidor receberá juros de R$100,00, não importa por quanto tempo deixe seu dinheiro investido.
Nos juros compostos, a coisa é (bem) diferente. O retorno é calculado sobre o valor de cada período de remuneração. Veja como fica o mesmo exemplo do investimento de 10 mil reais, com 1% de juros compostos:
1o. mês: R$10.100,00 (1% sobre o capital)
2o. mês: R$10.201,00 (1% sobre o montante do 1o. mês)
3o. Mês: R$10.303,00 (1% sobre o montante do 2o. mês)
E a dinâmica segue dessa forma indefinidamente: quanto mais tempo o dinheiro estiver investido, mais ele se multiplica. Ao longo de tempo, os juros sobre juros são capazes de impulsionar verdadeiramente os rendimentos e acelerar a chegada da liberdade financeira. Atente que, da mesma forma que a rentabilidade dos investimentos é calculada com base na fórmula dos juros compostos, os juros das dívidas também seguem o mesmo raciocínio.
Investir pra quê, mesmo?
Pois bem, você descobriu que investimento e especulação são coisas diferentes, entendeu a importância de não poder contar somente com o salário e até relembrou alguns conteúdos da aula de matemática, mas… Tudo isso para quê mesmo?
Quem não tem um porquê, não vai para lugar algum. Fica muito mais fácil encontrar o melhor produto para a sua carteira de investimento quando se sabe o que se quer conquistar com esse dinheiro aplicado, para dali quanto tempo e com qual nível de emoção. Ou seja, estamos falando de objetivo, liquidez e perfil de investidor.
Aliás, se você ainda não sabe o seu perfil de investidor ou as características dos títulos em que pretende investir, aconselho a esperar mais um pouco para evitar aplicações em produtos que não sejam o mais indicados para seu momento de vida.
Classes de ativos
Os ativos financeiros são classificados em grupos semelhantes; essa classificação considera a constituição, perspectiva de retorno e tipo de risco desses ativos e está dividida, basicamente, em Renda Fixa e Renda Variável.
Na renda fixa, o investidor empresta dinheiro a um banco ou instituição através de um instrumento como a Poupança, Títulos do Tesouro Nacional, CDB, LCI, LCA, CRI, CRA e Debênture por um determinado período acordado entre as partes. A rentabilidade da renda fixa pode ser:
- – Prefixada, onde as taxas de remuneração já são conhecidas no momento da contratação;
- – Pós-fixada, quando a remuneração dos títulos acompanha um índice de referência no mercado, geralmente CDI, IPCA ou Selic. O mais conhecido deles é o Tesouro Selic (LFT), que tem como rentabilidade exatamente a taxa Selic do período.
- – Híbrida, que apresenta a combinação dos dois modelos de remuneração, onde uma parte é pós fixada e a outra, prefixada. Um bom exemplo de títulos com a rentabilidade híbrida é o Tesouro IPCA+ (NTN-B), que remunera a inflação (IPCA) mais um taxa prefixada já conhecida na hora da contratação.
Vale destacar que alguns títulos da renda fixa emitidos por instituições financeiras possuem a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) em caso de liquidação extrajudicial dessas instituições.
Na renda variável, diferentemente do que acontece na renda fixa, não há um empréstimo do dinheiro do investidor onde esse receberia seu dinheiro de volta com juros. Usando como exemplo a compra de ações, quando o investidor adquire uma ação (menor fração do capital social de uma empresa), ele passa a ser sócio desta empresa, e não, credor. Sendo assim, ele começa a participar dos lucros e até mesmo dos prejuízos da empresa e justamente por essas características, não há certeza referente ao lucro da renda variável.
Alguns dos produtos mais conhecidos da renda variável são os fundos imobiliários, as ações, os COEs, moedas, ETFs, commodities e derivativos.
Perfil de investidor
Dado altamente importante e obrigatório antes ainda da primeira aplicação financeira! O investidor tem seu perfil de investidor mapeado após responder algumas perguntas que avaliam, em geral, o quão disposto esse investidor está para correr riscos, qual o capital disponível para investimentos e ainda, seu nível de conhecimento prévio sobre o tema. Não é preciso de preocupar com o processo ou eventuais custos – o teste do perfil de investidor (também conhecido como suitability), é feito de forma automática e gratuita nas plataformas de investimentos.
Basicamente, o perfil de investidor se divide em 3 categorias:
Investidor Conservador
Investidores com o perfil conservador são aqueles que não estão dispostos a correr riscos, preferindo segurança nas suas aplicações, mesmo que essa escolha impacte na rentabilidade. São investidores que costuma optar por produtos com maior liquidez, em especial os da renda fixa, como os títulos do Tesouro Direto, CDBs, LCIs e LCAs.
Perfil moderado
É um investidor que está disposto a correr algum risco em torno de maiores chances de rentabilidade, porém até um certo ponto. Sua carteira de investimentos pode ser dividida entre Renda Fixa e Renda Variável, mas a maior prevalência é nos títulos fixos.
Perfil arrojado
Disposição para correr riscos em prol de maiores oportunidades de ganho? É com o investidor arrojado. Sua carteira de investimentos é propensa à volatilidade (oscilações) e, em teoria, esse investidor age com bom senso, calculando passos pensando em ganhos maiores e fugindo dos prejuízos desnecessários.
Investidor longo prazo: análise fundamentalista
Quando decidimos nos tornar sócios de uma empresa, pesquisamos (ou, pelo menos, deveríamos pesquisar) exaustivamente sua saúde financeira, posição no mercado e até o contexto político, a depender do setor e momento econômico, não é? Pois esses são os pilares da análise fundamentalista, cuja metodologia apresenta um verdadeiro raio-x da empresa ao investidor.
Essa estratégia também analisa os resultados financeiros das empresas, os indicadores econômicos e até os cenários micro e macro em que as empresas se encontram. Tudo para favorecer as chances de ganho, já que quanto mais informações o investidor tiver sobre a empresa, mais acertadas serão suas decisões sobre investir na mesma.
Investidor de curto prazo: análise técnica ou gráfica
É um dos métodos mais usados pelo mercado financeiro, e nesse tipo de análise, o foco sai dos balanços e relatórios e vai para os gráficos. A análise gráfica auxilia o investidor a estudar o preço e a analisar volumes negociados na bolsa, sem o estudo mercadológico e de resultados que a técnica fundamentalista utiliza.
A análise técnica ou gráfica é muito utilizada por traders para rastrear o comportamento de oferta e demanda para compra e venda de ações.
Banco ou Corretora?
Há bons produtos, e em boa quantidade, em ambos os tipos de instituições, mas deixo a sugestão de pautar sua escolha analisando outros pontos também, como o atendimento ao consumidor, a facilidade de contato, a confiabilidade e taxa de resolução de problemas. Esses aspectos fazem bastante diferença no dia a dia de todo investidor.
Nas corretoras, normalmente o cadastro é gratuito e não há a necessidade um valor mínimo para começar. Documentos pessoais podem ser enviados virtualmente, em um processo semelhante a uma abertura de conta digital. Caso opte pela corretora, o investidor precisa informar uma conta corrente ou conta-poupança para o envio e resgate dos valores movimentados.
Outro ponto relevante que impacta diretamente no bolso do investidor é a cobrança de taxas. Corretoras costumam cobrar taxas de corretagem nas operações de compra e venda de ativos, e bancos podem cobrar tarifas de transferência da conta corrente para a corretora. A solução é pesquisar e negociar eventuais cobranças com a instituição, quando possível.
A verdade é que investir significa fazer o dinheiro trabalhar para nós e o resultado desse trabalho nos deixa mais perto da realização dos nossos sonhos e objetivos, além de nos abrir as portas para um futuro financeiro mais tranquilo. Lembre de ter o seu porquê muito bem definido, pois só assim o seu plano de investimentos terá perpetuidade, e, nas finanças pessoais e nos investimentos, constância e longo prazo fazem toda a diferença.
Não deixe de comentar e de compartilhar esse conteúdo com o máximo de pessoas, ok? Um beijo e nos vemos no próximo conteúdo sobre finanças pessoais e investimentos. Até mais!
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