Tudo o que você precisa saber sobre as LCIs e LCAs!
As letras de crédito LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito Agronegócio) podem ser um ótimo negócio, desde que o investidor saiba seu perfil de investidor e tenha mapeado seus objetivos, riscos e expectativas.
Para que você possa aproveitar os benefícios de investir nas letras de crédito, separei um pequeno guia para que você saiba tudo o que precisa para diversificar seus investimentos da forma mais segura e rentável que existe.
O que são as LCIs e LCAs?
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são dois tipos de investimento em renda fixa isentos de Imposto de Renda. Esses títulos seguem o mesmo raciocínio do CDB (Certificado de Depósito Bancário), onde o investidor, ao comprar esse título, está “emprestando dinheiro” para uma instituição financeira e em troca, recebe uma remuneração – juros – durante o período em que mantiver os recursos aplicados.
Para o investidor, aplicar em uma LCI ou LCA significa que ele está emprestando dinheiro para as instituições financeiras o utilizarem no ramo imobiliário ou agropecuário (a instituição financeira tem a obrigação de destinar os recursos para a finalidade específica de cada título).
Na prática, o que muda ao escolher investir em uma LCI ou LCA é o lastro do papel. As letras de crédito imobiliário, por exemplo, são lastreadas na carteira de empréstimos relacionados ao setor imobiliário e que são mantidas pelas instituições emissoras. O lastro das LCAs são os empréstimos concedidos a produtores rurais ou cooperativas, e aí podem estar incluídos os financiamentos destinados tanto à produção quanto à comercialização dos produtos agropecuários e máquinas e implementos usados no setor.
Qual é a rentabilidade?
De modo geral, a rentabilidade desses títulos segue o modelo de outros produtos da Renda Fixa:
- Letras pós fixadas: o investidor contrata uma remuneração atrelada a um índice de referência. O mais comum é a taxa CDI. Como esse índice sofre variações naturais, se ele subir ou cair ao longo do tempo, a remuneração do investidor poderá ser maior ou menor. Uma LCI ou LCA que remunere no ano, 100% do CDI, significa que o investidor receberá 100% do que o CDI render ao longo do ano.
- Letras prefixadas: a rentabilidade já é conhecida e acordada no momento da aplicação. Os títulos aparecem para o investidor como “LCA 9% aa” ou “LCI 5% aa” e será essa a remuneração a ser recebida pelo investidor independentemente do que os principais indicadores econômicos apontarem durante o prazo do título.
- Letras atreladas à inflação + prefixado: trata-se de uma rentabilidade híbrida, composta por uma parte pós fixada e outra, prefixada. Nesses casos, o investidor encontra títulos anunciados como “LCI IPCA + 5% aa”. Isso significa que, no vencimento do título, o investidor receberá 100% do índice de referência (a ser conhecido no momento do vencimento, nesse caso, o IPCA) mais uma rentabilidade prefixada (os 5%), já conhecida na hora da contratação do título.
Liquidez
Para refrescar a memória, uma alta liquidez pode ser traduzida como a velocidade e facilidade que o investidor tem de transformar seus investimentos em dinheiro. As LCIs e LCAs costumam ter uma liquidez inferior a outros produtos da renda fixa – isso significa que são investimentos que não podem ser resgatados a qualquer momento.
Existe um plano de carência (período mínimo investido) para esses títulos e essa carência geralmente está atrelada à remuneração oferecida pelos papéis. Comumente, o prazo mínimo para letras pós e prefixadas é de 90 dias, sendo que as letras com remuneração atrelada à inflação podem ter carência maior, como de 12 e 36 meses, por exemplo.
Vale ainda alertar existem LCIs e LCAs com liquidez diária após cumprido o período mínimo de aplicação. Nesses casos, o resgate pode ser feito a qualquer momento a partir do término da carência. Para àqueles que realmente precisarem resgatar os recursos antes do vencimento, a alternativa seria negociar os papéis no mercado secundário, onde um investidor vende seus títulos a outro pelo “preço do dia” (marcação a mercado). A solução que o investidor tem para não correr o risco de vender suas letras de crédito por um valor menor do que o que pagou (um dos maiores riscos da marcação a mercado), se chama reserva financeira. Uma boa reserva com liquidez diária é capaz de evitar essas e outras perdas de dinheiro no mundo dos investimentos.
Risco
O investidor conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) para as LCIs e LCAs. O FGC garante que, no caso de a instituição financeira emissora da letra quebrar, o investidor recebe de volta até R$ 250 mil do valor que tem aplicado na instituição. Importante ressaltar que, além dessa cobertura de até R$ 250 mil ser válida por CPF e por instituição, ela considera a somatória de todas as aplicações financeiras elegíveis à proteção do FGC em nome do investidor.
Se o investidor desejar aumentar sua proteção contra eventuais falências de bancos, pode diversificar sua carteira de títulos cobertos pelo FGC em diferentes instituições financeiras. O último ponto importante em relação ao FGC é que o investidor tem o limite global de ressarcimento de 1 milhão de reais, que se renova a cada 4 anos.
Tributação
Chegamos ao ponto que mais chama a atenção dos investidores! Sem dúvida, a ausência de pagamento de Imposto de Renda é uma das vantagens das LCIs e LCAs. A rentabilidade que o investidor receber das suas letras de crédito já é líquida, ou seja, não é preciso considerar mais nenhum desconto.
Trazendo esse benefício fiscal para o lado prático, se o investidor estivesse na dúvida entre escolher uma LCI que esteja oferecendo remuneração de 90% do CDI ou um CDB com remuneração de 100% do CDI, ele ganharia mais se escolhesse a LCI simplesmente por causa da isenção tributária.
Nos outros investimentos da Renda Fixa como os Títulos do Tesouro Nacional, CDBs, CRIs / CRAs Debêntures (com exceção das debêntures incentivadas) e Letras de Câmbio, há tributação do Imposto de Renda que segue a tabela regressiva do IR:
Prazo (dias) | Alíquota |
Até 180 dias | 22,5% |
Entre 181 e 360 | 20% |
Entre 361 e 720 | 17,5% |
Acima de 720 | 15% |
Conclusão
Se o que você, investidor, procurava para complementar sua carteira de renda fixa eram papéis cobertos pelo FGC, isentos de imposto de renda e ainda, que ofereçam remunerações mais altas (mesmo com liquidez mais baixa), encontrou!
Vale ficar atento ao nível de solidez financeira do emissor, aos riscos, prazos de carência (se houver) e ao vencimento. Além disso, não custa lembrar: na frente de qualquer investimento, vem o seu planejamento financeiro. Não invista antes de tê-lo, ou se preferir, me mande um e-mail para saber mais sobre como posso te ajudar através da consultoria de investimentos.
Vejo você no próximo conteúdo sobre finanças pessoais e investimentos? Até mais!