O que é Inflação Pessoal e porquê você precisa saber disso
Não sei se você já notou, mas a inflação que sentimos no bolso é diferente da inflação oficial do país.
E a resposta para isso é simples: de um lado, a inflação pessoal é sentida de forma diferente entre as famílias porque está relacionada ao número de pessoas que moram na mesma casa, aos seus hábitos de consumo e à região em que residem, por exemplo. Já por outro, a inflação do governo é uma média que se aplica ao país inteiro.
É por isso que a inflação tem um peso diferente no dia a dia de cada um. Você vai entender, a seguir, como calcular sua inflação pessoal (passo a passo) e ainda, como usá-la para aumentar seus ganhos nos investimentos. Boa leitura!
Relembrando a inflação oficial
A inflação pode ser definida como um aumento generalizado nos níveis de preços e sempre esteve presente no nosso cotidiano, sendo percebida através dos reajustes anuais nas mensalidades escolares, nos produtos mais caros no supermercado e no aumento nas contas de consumo, como água e luz, dentre outras.
O índice oficial da inflação no Brasil é o IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE. Esse índice leva em consideração o consumo de uma cesta de centenas de produtos (como tomate, transporte por aplicativo e livros didáticos, por exemplo) consumidos por famílias residentes em 16 capitais brasileiras e que contam com renda mensal total entre 1 e 40 salários mínimos. No total, são mais de 400 itens considerados para o cálculo do IPCA e cada item dessa lista tem um peso relativo no índice geral.
Em agosto/2021, os pesos de cada família de gastos eram os seguintes:
- – Alimentação e bebidas – 20,82%;
- – Transportes – 20,87%;
- – Habitação – 15,96%;
- – Saúde e cuidados pessoais – 12,89%;
- – Despesas pessoais – 10,06%;
- – Vestuário – 4,28%;
- – Comunicação – 5,40%;
- – Artigos de residência – 3,84%;
- – Educação – 5,82%.
*fonte IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Como calcular a inflação pessoal
Assim como acontece com o cálculo do IPCA, podemos mensurar a inflação pessoal através da comparação do aumento dos nossos gastos de um período para outro, podendo ser usado àquele que mais se adeque à necessidade (mensal, semestral, anual, dentre outros).
Exemplo prático:
1o. Passo:
Relação de despesas anuais de um ano para outro:
2o. Passo:
Cálculo do percentual de aumento de gastos de um ano para o outro:
3o Passo:
Verificar a equivalência das taxas. Para fins didáticos, comparei o IPCA acumulado nos últimos 12 meses com a inflação pessoal mapeada. Note que a taxa oficial da inflação sofre alterações. Você pode consultar a taxa no painel de indicadores do IBGE.
Na simulação acima, a inflação pessoal está 9% acima da inflação oficial do país. Esse percentual reflete o aumento do custo de vida individual / familiar e quando não o conhecemos, temos a percepção de que o dinheiro escorre por entre nossos dedos e não percebemos exatamente para onde ele está indo. Ao longo do tempo, estamos empobrecendo sem entender exatamente como isto está acontecendo.
4o Passo:
Comparar o peso de cada grupo de despesa pessoal com o peso IPCA e efetuar os devidos ajustes (manutenção, redução ou eliminação das despesas) no orçamento doméstico. No nosso exemplo hipotético, essa família está gastando 27,71% do seu orçamento com alimentação e bebidas, enquanto, no Brasil, as famílias costumam ter 20,82% do seu orçamento para esta finalidade.
Rentabilidade requerida para combater a inflação pessoal
Chegamos ao ponto em que todas essas informações se unem. Vamos agora entender sobre a rentabilidade necessária para combater o efeito da inflação pessoal no dia a dia.
Dando continuidade ao mesmo cenário hipotético, temos o seguinte painel, considerando o CDI atual (agosto/21):
Essa conta simples (inflação pessoal dividida pelo CDI, que é a taxa considerada no rendimento dos investimentos de renda fixa) mostra que o investidor deve buscar rentabilidades maiores do que 190,68% do CDI se quiser combater sua inflação pessoal. Claro que na data das aplicações ou resgate dos investimentos, as taxas mencionadas (CDI e IPCA) podem estar diferentes, mas o raciocínio não muda.
Se fechar as torneiras do orçamento doméstico é prioritário para todo orçamento doméstico, investir com qualidade é essencial para não ter o patrimônio desvalorizado ao longo dos anos.
Conclusão
No longo prazo, quanto mais a pessoa conseguir manter sua inflação pessoal sob controle, com vigilância sobre seus gastos e hábitos de consumo, maior o ganho real da sua carteira de investimentos, que é aquele que considera os ganhos acima da inflação.
A melhor dica para manter a inflação pessoal em níveis reduzidos é entender (e aceitar) que os gastos somente devem aumentar se a receita total acompanhar esse aumento. Sei que esse é um desafio e te dou os parabéns por estar aqui. Desejo sucesso e se preferir, pergunte sobre a mentoria clicando aqui.
Um beijo e vejo você no próximo conteúdo sobre finanças pessoais. Até mais!