Precisamos realmente falar de finanças para mulheres?
Se todos nós, homens e mulheres, precisamos saber lidar com dinheiro, por que falar de finanças só para mulheres?
A frase anterior é, em parte, verdade. Em parte, porque saber lidar com o cartão de crédito, aprender a estabelecer prioridades e fazer o patrimônio crescer através dos investimentos não têm gênero. São questões universais. A questão que diz respeito à outra parte dessa história é que as mulheres passaram, e passam, por questões únicas em relação às finanças. E por causa disso, faz todo sentido falar de finanças para mulheres.
Sabemos que historicamente, nós, mulheres, fomos preteridas em relação à educação financeira e que temos muito chão ainda pela frente até podermos adquirir todo o conhecimento necessário para uma vida financeira plena. Ao entrarmos no mercado de trabalho e começarmos a receber nosso próprio dinheiro, ficamos frente à situações novas que demandaram aprendizados rápidos e solitários, já que nossas mães e avós também não tiveram acesso à educação financeira.
Se pararmos para pensar que todo o progresso que tivemos como cidadãs é relativamente recente (até 1962, por exemplo, não podíamos ter CPF próprio, o que nos impedia de ter uma conta bancária), mais se faz necessário falar de finanças para mulheres. Te convido a desconstruir três grandes mitos sobre a relação das mulheres com o dinheiro:
Mulher falando de dinheiro é indelicado
A imagem da boa menina não costuma combinar com ambição, com querer ganhar e acumular dinheiro, com negociar descontos, com negociações de salário, com defesa do seu valor e posição no mercado de trabalho. Há exceções, mas em geral, as meninas não são incentivadas a falar de dinheiro e investimentos. Esses temas ainda são considerados “naturalmente masculinos”. E uma criança, seja ela um menino ou menina, sem esse tipo de preparo, estará à mercê dos acasos da vida e da falta de independência e liberdade financeira.
Mulheres só pensam em gastar e têm dificuldades em poupar
Estereótipo batido esse, hein? Mas essa imagem de “mulheres gastam demais” está refletida até nas pesquisas feitas na internet. Um estudo conduzido pelo banco Starling Bank mostrou que 66% dos artigos direcionados para as mulheres tinha como tema principal “gastar menos“, enquanto 70% dos artigos focados no público masculino tratavam de “como ganhar mais”.
A verdade é que, se as mulheres gastam mais, em grande parte é porque elas são as maiores responsáveis pelas compras de tudo o que envolve a rotina doméstica, inclusive as relacionadas ao cônjuge e filhos. Na minha carreira como mentora financeira, já atendi diversas pessoas que gastavam mais do que podiam ou deviam, e essa dificuldade definitivamente, não é exclusiva das mulheres.
Mulheres quando investem, preferem a poupança.
Não dá para compararmos estratégias de investimentos de quem já tem conhecimento sobre o tema com as de quem está começando a entender sobre o mercado financeiro, suas oportunidades e seus riscos. O desejo de ver nosso dinheiro se multiplicar, e sempre com o menor risco possível, é universal. O que faz com que uma pessoa faça escolhas não adequadas sobre investimentos é a falta de conhecimento, não seu gênero.
Sejamos claros: não é preciso haver conversa sobre dinheiro apenas para mulheres ou somente para homens. Dinheiro é assunto de todo mundo – o que precisamos é incluir as mulheres no universo financeiro e desmistificá-lo para todos.
Um beijo e nos vemos no próximo conteúdo sobre finanças pessoais. Até mais!