“Carol, investir em gado vivo é muito arriscado?”
“Carol investir em gado vivo é muito arriscado? Eu gosto muito de fazendas, gostaria de comprar alguns animais. Como investimento à longo prazo, vale a pena?” Gleison, por WhatsApp.
Oi Gleison! Obrigada pela sua pergunta!
Pode parecer estranho, mas alguns fazendeiros não usam chapéu de caubói nem conseguem perceber a diferença entre uma vaca leiteira e um boi da raça nelore. Mesmo assim, gastam milhares de dólares na compra de cabeças de gado, como se fossem pecuaristas de tradição no mercado. Loucura? Talvez. Atualmente, qualquer investidor, mesmo que nunca tenha posto os pés numa fazenda, pode comprar umas cabeças de gado – e ganhar (ou perder) dinheiro com isso.
A forma mais comum dos da “fazendeiros da cidade grande” investirem em animais vivos é através de empresas especializadas na administração de fazendas. O negócio funciona como uma aplicação num fundo de investimento. Só que, em vez de o fundo ser recheado por CDB ou por ações, é formado por rebanhos. A compra e a criação dos bois ficam sob a responsabilidade das empresas gestoras. O lucro (ou prejuízo) do investidor depende das cotações da arroba do boi ao final do período de engorda dentre outras variáveis nacionais e internacionais. Trata-se, portanto, de uma aplicação de risco. Definitivamente esse não é um negócio de renda fixa, que garante um rendimento para o investidor e esse é um dos principais pontos: não há como prometer rentabilidade alguma ou valorização do animal ao longo do tempo.
Além disso, esse mercado não é para amadores: é preciso entender sobre pastagens, doenças, peculiaridades sobre finalidade do gado e uma infinidade de fatores pertinentes ao ramo. Saiba também que esse tipo de investimento não é controlado por nenhum órgão de fiscalização do governo. Ou seja, o investidor não tem nenhum tipo de proteção caso alguma coisa dê errado. Quem não conhece bem esse mercado pode se dar mal, pois assim como pode ter muito lucro, os prejuízos também podem ser grandes.
Gleison, se você tem tempo e disposição para acompanhar de perto os indicadores desse investimento e além disso, estará cercado de pessoas de confiança para cuidar desse negócio, pode ser atrativo para seu perfil e realização pessoal, já que você gosta muito do assunto. Eu sugiro que você estipule, antes de entrar nesse ramo, um capital máximo para destinar ao negócio. Entenda esse capital como um “custo de aprendizado”, ou seja, é o valor máximo que você está disposto a arriscar para aprender como tudo funciona na prática e se ele é mesmo para você.
Entenda que, caso precise vender seu gado rapidamente, você receberá o que o mercado está disposto a pagar por ele, não o que o gado efetivamente vale. Por fim, investimentos de risco como esse, só depois da Reserva de emergência montada, pelo menos.
Um beijo e até o próximo conteúdo sobre finanças pessoais e investimentos!